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Xi Jinping (e) e Ma Ying-jeou
Foto: AFP Erika Santelices, Jason Lee |
Os
presidentes da China, Xi Jinping, e de Taiwan, Ma Ying-jeou, se reunirão
no sábado em Cingapura, um encontro sem precedentes desde o fim da
guerra civil, em 1949.
"O objetivo da visita do
presidente Ma é garantir a paz e manter o status quo do estreito",
afirmou o porta-voz do presidente taiwanês, Charles Chen.
Ele
destacou que "não será assinado nenhum acordo, nem será divulgado
nenhum comunicado conjunto" durante o inesperado encontro, no qual Ma e
Xi devem apenas "trocar opiniões sobre os assuntos bilaterais".
A agência de notícias oficial chinesa Xinhua apresentou o encontro como uma etapa histórica nas relações entre as partes.
"Nos
últimos sete anos, as duas partes reforçaram a confiança mútua e
abriram o caminho para um desenvolvimento pacífico", disse o diretor do
Escritório de Assuntos Taiwaneses da China, Hang Zhijun.
Vários
analistas consideram que a reunião é uma tentativa chinesa de apoiar o
Kuomitang, o partido que governa Taiwan, antes das eleições
presidenciais de janeiro de 2016.
Os partidos de oposição em Taiwan, preocupados com as discussões bilaterais, convocaram um protesto diante do Parlamento.
O governo dos Estados Unidos saudou com cautela a notícia do encontro e espera observar os resultados.
"Certamente
damos as boas vindas aos passos dados pelos dois lados do estreito de
Taiwan para tentar reduzir as tensões e melhorar as relações"
bilaterais, disse o porta-voz do Executivo americano, Josh Earnest.
O Kuomintang (KMT), partido de Ma, governa Taiwan de maneira quase ininterrupta desde o final da guerra civil chinesa em 1949.
Desde
2010, o partido tenta melhorar as relações com Pequim, apesar do
governo da China considerar a ilha uma parte integrante de seu
território.
Taipé e Pequim assinaram em junho de 2010 um acordo marco de cooperação econômica.
Esta política de aproximação é estimulada por Ma Ying-jeou, que foi eleito em 2008 para governar a ilha e reeleito em 2012.
Desconfiança
Muitos
taiwaneses, no entanto, desconfiam do acordo, pois temem que a
indústria e a agricultura locais sejam dominadas pelo peso gigante da
economia chinesa.
A opinião pública em Taiwan
se tornou de fato hostil a relações mais estreitas com a China por
temer, de maneira geral, uma influência crescente sobre a ilha.
No
campo diplomático, as relações entre as partes continuam marcadas pela
desconfiança mútua, apesar do diálogo iniciado em 2014, pela primeira
vez desde 1949, quando Mao Tsé-Tung proclamou a República Popular da
China.
Refugiados na ilha de Taiwan, os
nacionalistas do Kuomintang liderados por Chang Kai-shek (1887-1975)
criaram suas próprias estruturas políticas e proibiram qualquer relação
com a China comunista.
Como demonstração das
relações ainda difíceis, Pequim rejeitou recentemente a candidatura de
Taiwan ao novo Banco Asiático de Investimentos, ao indicar que este
território, cujo nome oficial é República da China, poderia apresentar
uma nova candidatura, mas "sob um nome apropriado".
Além disso, o presidente chinês afirmou em maio que para Pequim existem uma "única China" e "compatriotas taiwaneses".
O
presidente taiwanês havia proposto antes uma reunião com o colega
chinês durante um encontro da APEC (Cooperação Econômica Ásia-Pacífico),
organizado por Pequim em novembro de 2014, mas a China rejeitou a
proposta.
Ma Ying-jeou deixará o cargo no próximo ano, ao fim de dois mandatos, o máximo autorizado pela Constituição taiwanesa.
A
candidata do principal partido de oposição, o Partido Progressista
Democrático, Tsai Ing-wen, favorável à manutenção do status quo com
Pequim, é a grande favorita para suceder Ma nas eleições de janeiro.
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